Eu joguei 350 horas de Wartales e ainda me assusto quando um herói está 'perto da morte'

Eu joguei 350 horas de Wartales e ainda me assusto quando um herói está 'perto da morte'

Marat Usupov
1 de setembro de 2025, 23:17

Esta história toda começou por acidente. A tarefa editorial parecia uma simples formalidade: eu precisava escrever alguns artigos sobre o novo RPG tático Wartales. Mas depois de passar apenas algumas horas no jogo, descobri que não era apenas mais um clone de 'táticas por turnos'. Este é um mundo onde cada movimento da equipe parece uma luta pela sobrevivência, e qualquer erro pode custar toda a campanha. E há dois anos, o que deveria ser uma 'tarefa única' se tornou uma longa jornada para mim.

Atmosfera de sobrevivência

O que te cativa em Wartales desde o início não é tanto o sistema de combate (na minha opinião, é descomplicado) quanto o efeito da verdadeira sobrevivência. Você lidera uma equipe através de um mundo hostil: bandidos se escondem nas florestas, patrulhas percorrem as estradas cuja encontro não garante paz alguma. Animais selvagens te caçam, e à frente estão a fome, a falta de ouro e a completa incerteza. E então o tempo também piora.

Cada decisão se torna um dilema: arriscar entrar em batalha por loot ou contornar o inimigo para conservar forças? Fazer prisioneiros para arrastá-los para a prisão e trocar por ouro, ou terminar a luta com menos risco? Investir dinheiro no comércio para garantir o orçamento da próxima semana — mas apenas se você conseguir entregar os bens ao próximo assentamento antes que a equipe desertar devido a um pagamento perdido. Wartales te força a calcular consequências e pensar vários passos à frente.

Sistema de combate: simples, mas arriscado

Não posso dizer que Wartales me encanta particularmente com seu combate: mover heróis e acertar inimigos na cara ou por trás. Mas isso é agora, quando já evoluí para usar aço Arkedian e equipei a maior parte da equipe em «ouro». Mas no início, nas primeiras 15-20 horas, cada luta era um exame. Não por causa da dificuldade, mas por causa do risco, quando o menor erro — ordem errada de seleção de personagens ou até mesmo posicionamento incorreto — e você perde um lutador.

No começo, o equilíbrio está bem ajustado: novas habilidades e itens mudam visivelmente a situação, e táticas inteligentes às vezes importam mais do que números. A emoção especial vem de situações em que um personagem, graças a perks bem escolhidos, se torna o «trunfo» de toda a equipe. Meus ladrões, por exemplo, repetidamente transformaram batalhas perdidas em vitórias graças à habilidade «Tela de Fumaça», que faz os inimigos de repente se retirarem do combate, provocando ataques sobre si mesmos. E um deles eventualmente se desenvolveu tão bem que poderia derrubar adversários fortemente armados sozinho.

Equipe e seu personagem

Wartales presta atenção não apenas às batalhas, mas também aos relacionamentos. Em tavernas, você pode recrutar novos lutadores, mas nem todos atendem às expectativas. Mais de uma vez eu tive que decidir quem manter e quem dispensar porque um lutador não se encaixava no meu estilo de jogo ou se mostrava fraco demais, apesar de suas estatísticas. Isso frequentemente levava a conflitos dentro do grupo, queixas surgiam e até afetavam a jogabilidade.

Também há «conversas» no acampamento — momentos em que um personagem interrompe o fluxo e começa a reclamar da vida, se gabar de sucessos ou criticar outro lutador que acidentalmente esbarrou nele na última batalha. O jogo te lembra que mesmo em um mundo fictício, as pessoas continuam sendo pessoas.

Os animais são uma história à parte. Javali, ursos ou lobos domesticados são certamente um aspecto de fantasia da jogabilidade, mas muito colorido. Ao contrário dos humanos, eles não discutem, não exigem pagamento e, em batalha, muitas vezes se mostram indispensáveis. Eu tenho 2 ursos brancos e 4 normais no meu esquadrão — e de alguma forma sinto que essa é a sua parte mais forte e melhor.

How do you feel about systems where you have to risk already achieved progress for potential gain?

Resultados

Sepulturas — um jogo dentro de um jogo

A parte mais divertida da minha experiência envolve sepulturas. Quando o esquadrão já havia se tornado forte, deixei de lado a história e fui para as sepulturas — e isso se tornou um novo desafio. Nelas, Wartales muda de ritmo: novos inimigos, condições de batalha especiais, surge a sensação de que você está invadindo lugares proibidos.

Particularmente memorável foi a luta em Nova Astel, onde um ghoul com 5000 pontos de vida me forçou a dar tudo o que eu tinha. Naquela época, meus heróis tinham de 100 a 150 HP cada e equipamentos feitos de aço do gelo. A vitória veio à custa de muitas repetições até que eu encontrasse a ordem de turnos perfeita e o gasto de pontos de valor para a aplicação correta de vantagens. Mas exatamente esses momentos tornam Wartales especial — quando você percebe que seu esquadrão é capaz de mais do que você esperava.

Equilíbrio medieval

Wartales surpreende com a forma orgânica como mistura dezenas de elementos. Aqui está um simulador econômico (o comércio entre assentamentos pode trazer mais lucro do que dezenas de batalhas), gerenciamento de acampamento, criação, busca de recursos e exploração do mundo. Mas o principal é a sensação de que você está liderando pessoas (e bestas) através de uma realidade dura.

Cada sessão de jogo se desenrola de maneira diferente: às vezes é uma série de negócios bem-sucedidos, outras vezes uma sequência de conflitos desnecessários e derrotas aleatórias que você transforma em vantagem através de salvamentos rápidos. Sim, mesmo com esse truque de segurança, quando eu quase completei o jogo e nivelei meus heróis, Wartales ainda pode me dar uma surra em combate — e quando alguém fica ferido a um estado de «quase morte», junto com a surpresa, retorna aquela mesma sensação de vulnerabilidade. Isso é exatamente o que transforma Wartales em algo mais do que apenas «outro jogo de táticas».

Are interpersonal relationships between characters needed in games?

Resultados

***

Para mim, Wartales se revelou um jogo ao qual você quer voltar não pelas vitórias, mas pela luta em si. Não há sensação de «generosidade falsa» como em blockbusters onde recompensas caem apenas por entrar no jogo. Aqui, cada conquista é conquistada com suor e sangue (e risco). E nisso, talvez, esteja o principal segredo de seu apelo: Wartales ensina você a valorizar até mesmo pequenas vitórias.

Eu me pergunto se consigo jogar 500 horas?..

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