Dizer que este jogo é imersivo seria um eufemismo. Sua paleta de cores saturadas durante o dia, contrastando com os tons esverdeados e doentios da noite, cria uma atmosfera inesquecível. A trilha sonora mistura nostalgia, religião e misticismo, mas com uma constante sensação de ameaça. Seus personagens oscilam na beira do vale da estranheza, mas parecem mais humanos e complexos do que o protagonista típico de um jogo AAA.
O conceito é simples: um homem, abandonado por um mundo cruel, vive em uma casa isolada da sociedade, em uma paz vazia. Até que seu vizinho, depois de beber demais, chega para avisá-lo de duas coisas. Primeiro, que ele não pode sair de casa durante o dia: o sol emite temperaturas insuportáveis para humanos. Segundo, que ele deve deixar estranhos entrarem em sua casa, pois um contato lhe garantiu que isso seria obrigatório para sobreviver.
Em seguida, somos apresentados aos Visitantes: replicantes humanos, idênticos a pessoas reais, mas com sutis sinais de inautenticidade. Traços tão comuns que poderiam passar despercebidos em qualquer pessoa. O jogo brinca com a moralidade, a confiança na mídia e o próprio valor da vida. Faz isso de uma forma que desarma e deixa um vazio.
É um jogo de baixo orçamento, desenvolvido com uma simplicidade técnica que contrasta fortemente com o enorme peso emocional e simbólico que transmite. Não precisa de gráficos avançados para imergir o jogador; sua atmosfera, som e mensagem são suficientes.
Recomendo a todos os seres humanos capazes de ligar um computador. Não é um desafio técnico, mas psicológico. Não testa seus reflexos, mas sua mente.