
Jogo dos Tronos para a Santa Sé: Por que você deve assistir ao Conclave

O drama do ano passado, Conclave, dirigido por Edward Berger, recebeu numerosos prêmios críticos, ganhou um Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e mostrou resultados impressionantes nas bilheteiras. No entanto, após a morte do Papa Francisco (Franciscus) e o próximo conclave para eleger o novo pontífice, o filme está experimentando um aumento sem precedentes em popularidade: sua audiência aumentou em 283% na última semana. Aqui está o porquê de você também conferir Conclave, se ainda não o fez.
Embora Conclave conte uma história fictícia com personagens fictícios, ele imerge o espectador em uma visão autêntica de como se desenrola a eleição de um novo chefe da Igreja Católica. O personagem principal do filme é o decano do Colégio de Cardeais, Thomas Lawrence, interpretado por Ralph Fiennes. Ele enfrenta a desafiadora tarefa de organizar o procedimento de votação para o próximo Papa após a morte do anterior. Como muitos sabem, os debates sobre o melhor candidato podem durar dias, e durante esse tempo, os cardeais não podem deixar a Capela Sistina ou a residência Domus Sanctae Marthae, onde ficam durante a noite.
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Como era de se esperar, 108 cardeais trancados juntos lutam para chegar a um consenso rápido. Vários candidatos emergem para a Santa Sé. Lawrence apoia seu amigo Aldo Bellini, o líder de um grupo de padres de mentalidade liberal, interpretado por Stanley Tucci. Os apoiadores de Bellini acreditam que a Igreja deve se modernizar e ser o mais inclusiva possível para permanecer relevante. Naturalmente, essas opiniões colidem com as dos tradicionalistas liderados por Goffredo Tedesco, que ameaça reverter muitas reformas das últimas décadas.
Além de Bellini e Tedesco, a corrida também apresenta o nigeriano Joshua Adeyemi, que tem uma chance real de se tornar o primeiro Papa Negro, e um cardeal canadense relativamente liberal, Joseph Tremblay. O quinto candidato inesperado é um arcebispo desconhecido do Afeganistão, Vincent Benítez.
À medida que a história se desenrola, a batalha entre os concorrentes se intensifica, e Lawrence assume um papel parcialmente de detetive, tentando descobrir os esqueletos nos armários de seus colegas cardeais. E há muitos: até mesmo os cardeais que parecem mais confiáveis escondem segredos sérios. A intriga cresce tanto que, em um determinado momento, Lawrence deve considerar se candidatar a Papa — caso contrário, o trono pode cair nas mãos de um candidato indesejável. O problema é que o personagem de Ralph Fiennes não tem desejo de se tornar o Sumo Pontífice. Na verdade, ele está passando por uma crise de fé e sonha em se retirar para um mosteiro.
Apesar da falta de cenas de ação e apostas de vida ou morte, Conclave permanece intensamente suspense — porque as apostas são excepcionalmente altas. Embora escolher o Papa não seja uma questão de vida ou morte literal para os personagens, todos entendem quão crucial é que o líder de um dos maiores movimentos religiosos do mundo seja verdadeiramente digno.
E ninguém entende isso melhor do que Lawrence. Ralph Fiennes retrata perfeitamente o líder do conclave, plenamente ciente da imensa responsabilidade que repousa sobre seus ombros. Sua performance captura o conflito interno de um homem dividido entre o desejo de fugir e a determinação de cumprir seu dever. Lawrence ainda acredita em Deus, mas duvida tanto dos dogmas da Igreja que não consegue nem mesmo se forçar a orar — um problema sério para qualquer líder espiritual.
Conclave cativa não apenas com sua intrigante trama e a excepcional performance de Fiennes, mas também com sua atmosfera. O filme levanta o véu sobre uma parte da vida clerical católica que geralmente está escondida dos olhos do público. As cerimônias, trajes e interiores são recriados com meticulosa atenção aos detalhes. E o próprio processo do conclave é fascinante: o confinamento dos cardeais, os procedimentos de votação, a queima de cédulas e o completo isolamento do mundo exterior.
Quanto às falhas, o filme tem uma clara deficiência — os personagens secundários são subdesenvolvidos. A trama gira inteiramente em torno de Lawrence, e o sucesso do filme repousa inteiramente sobre os ombros de Fiennes. Os outros atores simplesmente não têm tempo de tela suficiente para mostrar completamente a complexidade de seus personagens. A história salta de cardeal para cardeal, quase como se Lawrence fosse um jogador tentando derrotar rapidamente todos os chefes em um videogame.
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Conclave não é apenas um drama tenso sobre fé e dúvida, mas também uma rara oportunidade de vislumbrar um dos processos intrigantes de portas fechadas no mundo. Claro, a trama é fictícia, mas a importância do evento é retratada com notável autenticidade.
Quem sabe — talvez, por trás das verdadeiras paredes da Capela Sistina nas próximas semanas, uma história igualmente dramática de eleição do novo Papa se desenrole.
Have you seen Conclave?